segunda-feira, 2 de abril de 2012

Caminhão domesticado


Grandalhona Ram 2500 reaparece em nova geração com marca própria e conforto para seis ocupantes, a partir de R$ 149.900

Em um ano de ausência, o mercado da Ram 2500 no Brasil deu reviravoltas. Única concorrente direta da picapona, a Ford F-250 deixou de ser produzida devido ao baixo volume de vendas. E a Ram, que era um modelo Dodge, virou marca própria do grupo Chrysler – agora controlado pela italiana Fiat. Cenário favorável para a estreia da nova geração do modelo com quase seis metros de comprimento e três toneladas de peso empurradas por um motor 6.7 turbodiesel de 310 cv (cavalos de potência), oferecido em única versão: a Laramie, sem opcionais, por R$ 149.900.

Equiparável a um caminhão não só na exigência de carteira de habilitação categoria C, a Ram 2500 produzida em Saltillo, México, ficou mais equipada com a adoção de aquecimento dos bancos dianteiros e volante, ar-condicionado automático, bancos revestidos de couro, sistema de áudio MyGIG com tela sensível ao toque de 6,5 polegadas, mas o estilo retilíneo conserva a conhecida identidade intimidadora.

A frente é marcada pela grade em quatro quadrantes – curiosamente, uma marca da Dodge –, para-choque igualmente cromado e capô mais elevado, que certamente farão você pensar duas vezes antes de dar passagem ao se deparar com uma dessas na estrada. O acesso à cabine para seis ocupantes é prejudicado pela falta de apoio para os pés nas laterais. As rodas aro 17 vem calçadas em pneus de uso misto na medida 265/70, enquanto na traseira, a tampa da caçamba recebeu um ressalto na parte superior.

O interior, que já era espaçoso comparado a outras picapes de cabine dupla, ficou mais prático e próximo de um carro. No painel – com apliques prateados e imitando madeira –, uma tela sensível ao toque abriga o MyGIG. Com tela de cristal líquido sensível ao toque, o sistema multimídia reproduz CD, DVD, arquivos MP3 e conta com um disco rígido para armazenar 30 GB. Por meio do computador de bordo, no quadro de instrumentos, é possível acompanhar a pressão exata em cada pneu. O enorme apoio de braço central dianteiro pode servir de encosto, quando levantado, ou porta-objetos, abaixado. No banco traseiro há mais espaço para as pernas e um pequeno compartimento sob o assento. Redesenhados, os bancos dianteiros acomodam melhor o corpo nos suportes laterais e apoio lombar.


A segurança é reforçada pela presença de airbags dianteiros de múltiplos estágios, airbags laterais suplementares (nos bancos dianteiros) e do tipo cortina, que protegem tanto os ocupantes da frente como os de trás. Outros novos equipamentos são as entradas auxiliar e USB, faróis com sensor crepuscular, sensores traseiros de estacionamento e vidro traseiro (que separa a cabine da caçamba) com acionamento elétrico e o piloto automático.

84,6 kgfm de torque
O motor 6.7 substitui o anterior 5.9 de origem Cummins. Com potência máxima de 310 cv a 3.000 rpm, a unidade oferece enorme torque de 84,6 kgfm a 1.500 rpm, o que, para a Ram, é suficiente para rebocar mais de 5.500 kg quando equipada com kit de engate e reboque da divisão de acessórios Mopar. O câmbio automático de seis velocidades não vai além do lugar comum, deixando de lado recursos como trocas sequenciais e por toques no volante.

Outra grande habilidade da Ram é a tração 4x4, com opção de reduzida, engatada eletronicamente por meio de um seletor giratório no painel. Com tanta capacidade, não vai faltar disposição para encarar o trabalho pesado.


Ficha técnica
Ram 2500 Laramie 2012

Motor – Seis cilindros em linha, 6.690 cm³, diesel com turbocompressor e intercooler; potência de 310 cv a 3.000 rpm; torque máximo de 84,6 kgfm a 1.500 rpm
Transmissão – Automática, de cinco velocidades; tração 4x2 (traseira), 4x4 e 4x4 reduzida
Direção – Assistência hidráulica
Suspensão – Dianteira de eixo rígido, com cinco braços, molas helicoidais e barra estabilizadora; traseira de eixo rígido, com feixe de molas semi-elípticas
Freios – Disco com pinça de pistão duplo na dianteira e na traseira, e ABS (antitravamento) nas quatro rodas
Rodas/pneus – aro 17; 265/70
Dimensões – 5,83 metros de comprimento; 2,02m de largura (sem os espelhos retrovisores); 1,99m de altura; distância entre eixos de 3,78m
Caçamba - 1.628,2 litros de volume
Pesos - 3.279kg (em ordem de marcha); 4.354kg (bruto total)
Capacidade de carga – 1.075kg e 5.624kg (capacidade de tração com kit de engate e reboque Mopar)
Distâncias do solo – 21,8° de ângulo de entrada; 18,2° de ângulo de rampa; 27° de ângulo de saída; 188 mm de vão livre dianteiro; 180,3 mm de vão traseiro


[saiba mais]:
Principais equipamentos de série

Airbags frontais, laterais e de cortina
Alarme antifurto
Ar-condicionado automático
Bancos dianteiros de couro, tripartidos na proporção 40/20/40, com aquecimento e ajuste elétrico (motorista: dez direções/passageiro: seis direções)
Banco traseiro bipartido na proporção 60/40
Controle eletrônico de estabilidade (ESC)
Entrada auxiliar para equipamentos eletrônicos e entrada USB remota
Faróis halógenos com sensor crepuscular
Faróis de neblina
Freios a disco nas quatro rodas com sistema ABS
Memória para rádio, banco do motorista e espelhos retrovisores
Monitoramento de pressão dos pneus
Piloto automático
Rádio CD MP3 com áudio MyGIG de 30 GB, bluetooth e nove alto-falantes, incluindo um subwoofer
Retrovisor interno anti-ofuscante automático
Retrovisores externos com acionamento elétrico e setas integradas
Sensor de estacionamento traseiro
Tampa traseira da caçamba com chave
Volante aquecido com controles de áudio integrados

Ford Ka tem pior cinto de segurança, aponta Proteste


Conhecida pela realização de testes e estudos feitos em defesa do consumidor, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor – Proteste – avaliou os cintos de segurança dianteiro e traseiro de vinte versões dos dez principais hatches compactos à venda no Brasil e chegou a uma conclusão pouco animadora. A partir da análise de itens como comprimento do cadarço, sistema de travamento e local de fixação da haste do fecho, ficou constatado que os cintos traseiros foram os piores, uma vez que não oferecem limitadores de carga (que previnem os ocupantes de lesões decorrentes do uso do cinto em colisões severas) e pré-tensionadores (que reduzem a folga do cinto durante o impacto).

O Ford Ka foi o modelo que apresentou o pior resultado após perder pontos em vários quesitos. O sistema de retenção da versão 1.0 Rocam apresentou a menor nota entre todos os carros avaliados, além de o cinto não ter tamanho necessário para a instalação da cadeirinha do tipo bebê-conforto e acomodação de motoristas obesos. O último problema é comum ainda a Chevrolet Celta, Ford Ka 1.6 Sport e Renault Clio.
Outro ponto negativo foi dado ao Clio por conta da alavanca de freio de mão. A posição do equipamento dificulta o encaixe do cinco de segurança na haste do fecho.

A segurança proporcionada pelo cinto de segurança de três pontos para quem viaja no meio do banco traseiro fez com que o Chevrolet Corsa 1.4 Maxx obtivesse a maior nota da avaliação. Na lista dos melhores nos bancos dianteiros, aparecem o Citroën C3 1.6 16v Exclusive, o Peugeot 207 1.6 16v XS Automatic e o Volkwagen Fox 1.6 Prime I-Motion.


O teste também avaliou os cintos entre versões de entrada e completas, encontrando maior diferença no Fiat Uno e Ford Fiesta. Foi verificado ainda em que ponto a haste do fecho do cinto dianteiro está fixada: se diretamente na carroceria ou na estrutura do assento. Nesse quesito, todos os carros foram bem avaliados porque a haste foi fixada na estrutura do banco, que é rígida e oferece mais segurança em caso de impacto. A avaliação completa pode ser vista no site www.proteste.org.br.

[saiba mais]:
Carros e versões avaliados

Chevrolet Celta 1.0 LS 2p
Chevrolet Celta 1.0 LS 4p
Chevrolet Corsa 1.4 Maxx
Citroën C3 1.4 GLX
Citroën C3 1.6 GLX 16v Exclusive Automatique
Fiat Uno 1.4 Sporting
Ford Ka 1.0 Rocam
Ford Ka 1.6 Sport
Ford Fiesta 1.0 Rocam
Ford Fiesta 1.6 Rocam
Peugeot 207 X-Line 4p
Peugeot 207 1.6 16v XS Automatic
Renault Clio 1.0 16v 2p
Renault Clio 1.0 16v 4p
Fiat Uno 1.0 Vivace 2p
Volkswagen Gol 1.0 4p
Volkswagen Gol 1.0 Rock in Rio 4p
Volkswagen Gol 1.6 Rallye 4p
Volkswagen Fox 1.0 2p
Volkswagen Fox 1.6 Flex Prime I-Motion 4p

Velas mágicas


Tecnologia por plasma promete maior durabilidade e economia, eliminando vantagem de consumo dos motores de ciclo Diesel sobre os de ciclo Otto

Por Fernando Calmon
fscalmon@gmail.com

Interessante ver como os europeus desenvolveram bem os motores diesel para automóveis nas últimas duas décadas. Avanço substancial em redução de ruído, vibração e aspereza, diminuição de emissões, economia de combustível e aumento de potência e torque. Até dois anos atrás era fácil encontrar um carro a diesel que consumia de 20% a 25% menos em relação a um idêntico a gasolina, com desempenho igual ou até melhor para uso em cidades. Graças à ajuda do turbocompressor e da injeção direta.

Conter o consumo é o único modo de diminuir emissões de CO2 (gás não tóxico precursor do efeito estufa), deixando as marcas europeias confiantes no diesel para o futuro. Este motor, no entanto, fica cada vez mais caro ao exigir sistemas sofisticados de controle de poluentes tóxicos. Só se torna viável com o alto custo do combustível na Europa. Caso contrário, a necessidade de longas distâncias anuais percorridas (35.000 km ou mais) inviabiliza o que o comprador paga a mais pelo veículo.

Porém, há mudanças em curso. Mesmo porque americanos e japoneses têm suas broncas contra o diesel. Motores de ciclo Otto (gasolina, etanol ou gás) começaram também a receber turbocompressor e injeção direta. Com a tecnologia de redução de cilindrada (downsizing) a diferença de consumo, para a mesma potência, caiu para menos de 20%. Sistema Multiair – arquitetado pela Fiat e engenheirado pela Schaeffler – permite cortar o consumo em mais 10% graças ao gerenciamento eletro-hidráulico das válvulas de admissão e o fim da borboleta de aceleração que corta as perdas por bombeamento (como no diesel).

Do Japão vem outro avanço, agora das velas de ignição que pouco evoluíram em décadas, no ciclo Otto (motor diesel tem ignição por compressão, sem velas). A ideia é utilizar dois feixes de laser na câmara de combustão, aumentando eficiência da queima da mistura ar-combustível. Ainda falta superar obstáculos técnicos e de custo.

Engenharia americana se adiantou. No recente Salão de Frankfurt, a Federal Mogul revelou estar bem próximo de uma solução revolucionária: Sistema Avançado de Ignição Corona (ACIS, em inglês). A empresa é proprietária das velas Champion e a grande sacada foi trocar laser pelo plasma. Plasma é o quarto estado da matéria, além do sólido, líquido e gasoso.

ACIS utiliza um campo elétrico de alta energia e alta frequência para produzir ionização controlada e repetitiva, criando múltiplos fluxos de íons capazes de inflamar a mistura ar-combustível completamente na câmara de combustão. A vela comum cria apenas um pequeno arco voltaico entre os eletrodos, que além de se desgastarem com o uso, não permitem a otimização da ignição, nem queima rápida e eficiente.

A vela por plasma proporciona outros benefícios como durabilidade, provavelmente igual à vida do motor, diminuindo gastos de manutenção, e fácil adaptação à arquitetura elétrica dos motores. Entretanto, ainda demora de dois a três anos para chegar ao mercado, até que se desenhe uma câmara de combustão para aproveitar ao máximo a nova tecnologia. Vários fabricantes de motores trabalham no tema. O grande salto vem na economia de combustível e menores emissões. Testes apontam até 10% menos. Assim praticamente desaparecerá a vantagem, quanto ao consumo, de motores de ciclo Diesel sobre os de ciclo Otto.